sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Filme "A onda"

Sinopse

Dirigido por Denis Gansel, A Onda traz a seguinte trama: Rainer Wegner, professor, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder.

Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de "A Onda". Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e "A Onda" já saiu de seu controle. O filme é baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.

 
O enfoque dado ao movimento nazi-fascismo evidencia a popularidade atribuída ao mesmo, por esse ser tema de inúmeras discussões relacionadas aos regimes totalitários. O enredo do filme constrói-se basicamente na forma como o movimento “A onda” ganha força e adeptos num pequeno espaço de tempo e de como funciona uma doutrina ideológica.
      “A onda” coloca questões muito além de apenas moldes doutrinários, de críticas ao nazismo ou qualquer outro regime, pois independente de qualquer ideologia que se adote, o formato, o modo se concretizar o movimento, geralmente são muito semelhantes.
      Pois a principal característica se dá pela idéia de grupo ideológico, que forma suas ideologias, regras, seus costumes, sua expressão, e como figura de destaque, seu líder, esses grupos ideológicos são extremamente comuns mesmo na sociedade contemporânea, onde a tendência de homogeneizar toda a sociedade do espetáculo age coercitivamente.
    Os grupos se formam por indivíduos que se identificam com as políticas pregadas principalmente pelo então líder. E essa identificação é natural, é racional, pois o ser humano sente a necessidade de viver em grupo, na presença de outras cabeças sincronizadas para que dessa forma não haja conflitos.
     Em “A onda” todas essas características são adotadas pelos alunos, pois apesar de recriminarem as ações praticadas pelos líderes do nazi-fascismo, aderem ao movimento formado pelo professor Ross, deixam de ter uma identidade pessoal, para seguirem traços da doutrina, impostos pelo líder de forma coercitiva, alienada, e cegamente tornam o movimento cada vez mais expressivo, é interessante ressaltar que a história real em que se baseia o filme, aconteceu na Califórnia (EUA), onde teoricamente se reprimia fortemente ideologias nazistas.
     É indiscutível a qualidade temática da obra, pois inúmeros aspectos cabem em nível superficial de avaliação, tais como: doutrinas ideológicas, comportamento humano, particularidades sociais e ética, essas são questões claras, a questão social, por exemplo,  se dá pelo fato do grupo se achar superior a qualquer outro, com o absolutismo extremado de esquerda ou direita, concretizado pela recusa de idéias exteriores ao grupo.
      Nesse tipo de movimento o fanatismo é tão presente que quem se recuse a aderir às políticas do grupo, é criticado de forma agressiva em muitas das vezes, podendo chegar à violência. O enredo do filme exemplifica como funcionam os partidos políticos, onde os membros do grupo deixam que a vontade do líder supere seus anseios individuais. 
     Esclarece como o ser age na busca de se identificar e se inserir em algum grupo, formalizando seu instinto na forma do comportamento, e esse seu comportamento marcante, defendendo seus semelhantes, explicam no comportamento humano características animais, no ato de viver em bando, na tendência de seguir à maioria que teoricamente por ser a maioria teria razão. Essas são questões puramente humanas, da idéia de coletividade.


 


“Vocês trocaram sua liberdade pelo luxo de se sentirem superiores. Todos vocês teriam sido bons nazi-fascistas. Certamente iriam vestir uma farda, virar a cabeça e permitir que seus amigos e vizinhos fossem perseguidos e destruídos. O fascismo não é uma coisa que outras pessoas fizeram. Ele está aqui mesmo em todos nós. Vocês perguntam: como que o povo alemão pode ficar impassível enquanto milhares de inocentes seres humanos eram assassinados? Como alegar que não estavam envolvidos. O que faz um povo renegar sua própria história? Pois é assim que a história se repete. Vocês todos vão querer negar o que se passou em “A onda”. Nossa experiência foi um sucesso. Terão ao menos aprendido que somos responsáveis pelos nossos atos. Vocês devem se interrogar: o que fazer em vez de seguir cegamente um líder? E que pelo resto de suas vidas nunca permitirão que a vontade de um grupo usurpe seus direitos individuais. Como é difícil ter que suportar que tudo isso não passou de uma grande vontade e de um sonho”.

    


Um comentário:

  1. Boa crítica Jessica! Baseado nesse caso e em vários outros, é incrível pensar como é difícil unir pessoas em torno de um objetivo comum pra criar e fazer coisas boas...

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