sábado, 12 de julho de 2014

Um grande plano “abrasileirado”




A surpreende popularidade atribuída à seleção alemã de futebol ao longo da Copa do Mundo realizada no Brasil, tem explicação. Quando se trata de um “produto midiático”, toda a relação de imagem acerca deste produto é proveniente de arranjos da comunicação.
Reprodução/Instagram
A construção, a disseminação e a confirmação de uma imagem pública é um mecanismo superficial e ordenado de direcionamento da percepção. Isto é, não se pode estabelecer exatamente como cada indivíduo irá perceber a realidade em sua volta, pois a subjetividade atmosférica impede essa possibilidade, no entanto, é possível oferecer quais e de que forma o conteúdo deverá entrar em contato com a percepção de cada ser humano.
Sabendo disso, a Deutscher Fussball – Bund (Federação Alemã de Futebol), juntamente com a fabricante de material esportivo, Adidas, lançou alguns meses antes do mundial da Fifa, sua primeira grande jogada de marketing, o seu segundo uniforme, que conforme a própria federação, é uma homenagem ao clube brasileiro, Flamengo.
O primeiro grande gol foi efetivamente o sucesso de vendas, milhões de unidades da camisa foram comercializadas no mundo, o que elevou o faturamento da Adidas para cerca de 30% em comparação com a Copa na África do Sul, que conforme representantes da empresa, gira em torno de 2 bilhões de euros. De acordo com Tom Ramsden, diretor global de marketing da adidas futebol, o sucesso da marca já entrou para a história da empresa e foi a marca mais falada durante o torneio. Mas não é só isso.


O plano de comunicação montado para a federação alemã é sem dúvida alguma, um case de sucesso, e para que assim fosse, fora feito um estudo acerca da cultura brasileira e então dado evidência aos seus costumes mais popularizados hoje. Isso tudo ao se fazer uso da semiótica, isto é, uma conscientização clara dos símbolos e o quanto eles são relevantes para a nossa percepção.
Pierre Bourdieu define “poder simbólico” como o poder invisível responsável pela “imigração de ideias” onde as consciências o exerce sem ter de fato conhecimento dele, contribuindo para os movimentos sociais e culturais entre os indivíduos.
A formidável aceitação do uniforme inspirado no Flamengo é uma amostra do quanto a simbologia participa da cultura brasileira. Imediatamente, qualquer indivíduo, mesmo sem a consciência de tratar-se de uma ação de marketing, associa a camisa ao clube brasileiro.
“Índios pataxó”, “Lepo Lepo”; “novela”; “praia”; “Sabe de nada, inocente”; “Bahia”; “português”; “ações beneficentes”; “declarações de apoio e incentivo a seleção e ao país de um modo geral”, “campanha áudio-visual”, tudo potencializado e “viralizado” via imprensa e redes sociais.
Agir como brasileiro fez com que jogadores como Lukas Podolski, Lahm, Ozil, Schweinsteiger e outros, recebessem a admiração da opinião pública, exatamente porque trata-se de uma identificação e um reconhecimento da valoração dos costumes locais por esses “atores” midiáticos.
Não há dúvida de que há sim simpatia alemã, contrariando o que se pensava sobre o conduta mais fechada do povo alemão. Mas só foi possível desconstruir essa perspectiva junto a opinião pública brasileira, a partir de uma gestão de imagem, capaz de fazer com que o país conhecido pelo futebol, ainda que presenciasse o episódio cuja maior derrota de seu país no futebol foi proporcionada justamente pela seleção alemã, não deixou de admirá-la cada vez mais.
Talvez a seleção alemã na Copa do Mundo no Brasil, realizou tudo aquilo que o brasileiro esperava que fosse proveniente de sua seleção. Ou seja, enquanto que a opinião pública nutre frustração a respeito da seleção brasileira, adota para si, ídolos de outra seleção, pois o trabalho de marketing deu-se de uma forma tão bem sucedida, que nem mesmo uma derrota histórica é capaz de diminuir essa relação de aceitação.
A campanha de marketing após um estudo de comunicação é inédita para um evento como esse no Brasil, não se tem notícia nem nesta Copa do Mundo, de outra seleção que tentou incorporar os hábitos brasileiros como a federação alemã de futebol. 

O casamento perfeito está pronto: Alemanha x Argentina no Maracanã, com a camisa inspirada no Flamengo, é um sucesso garantido. Talvez, nem mesmo se esperasse um cenário tão propício para fechar a melhor campanha de uma seleção estrangeira na Copa do Brasil, muito além da própria seleção brasileira, além de tudo, a Alemanha oferece o futebol que o Brasil tão valoriza.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Construindo destinos

Mais intrigante do que se perguntar como alguns eventos tornam-se realidade é não entender como isso ocorre. Será que ninguém consegue absorver um mínimo que seja de lucidez para compreender o que acontece diante do próprio “nariz”? Quase ninguém consegue, e isso não é o pior.
O pior é conhecer o passado, errar no presente e esperar um futuro longe de tudo isso. O nosso erro é antes, durante e depois, depois sim. Lamentar-se por não ter feito por que não quis? Isso é errar de novo.
É desse modo que construímos nosso destino e ainda o acusamos de independência, uma tremenda injustiça, por sinal. Então perceba, está é mais uma oportunidade de recuperar a lucidez, de fazer direito, de querer.
A sua vida é uma gigantesca análise combinatória e, é sim, a matemática tem tudo a ver com isso, basta exclusivamente perceber a variedade de caminhos que podem ser percorridos e finalmente onde eles o levarão.
Essa obviedade é somente e tão somente para você ajudar o seu próprio coração, o oferecendo a sua dedicação. Não é difícil, não é um esforço desgastante, faça bem ao seu coração. Se for necessário, mude o rumo, altere o foco, pode ser doloroso, mas passa e talvez seja o melhor a se fazer.
Ainda que o seu encanto por qualquer coisa o choque pelo confronto com a realidade distante de tudo que você imaginou, salve o seu coração de um destino improvisado, construa-o com seu esforço de querer bem e faça algo por isso, toda e qualquer estrutura sólida e duradoura exige muita concretude e “concreto”.