sábado, 28 de janeiro de 2012

Ilhas Falklands: A Disputa Pelo Petróleo

   Enquanto o mundo se debruça sobre a crise financeira, Reino Unido e Argentina disputam a soberania nas Ilhas Malvinas (em inglês Falkland Islands). A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, mantém a discussão em todo discurso, em todo fórun internacional, defende que o Reino Unido precisa respeitar resoluções da ONU, conseguida em 1965 pela Argentina, a resolução de número 2065, diz que trata-se de um problema colonial e por esse motivo, Cristina defende o diálogo para que se resolva o problema, posto que o Reino Unido possui um assento permanente no conselho de segurança das Nações Unidas e por esse motivo deve zelar pela manutenção das boas relações internacionais com diálogos.

   Há meses, uma empresa britânica, encontrou uma reserva de 500 milhões de barris de petróleo no fundo do mar, ao norte das ilhas e, promete estar extraindo petróleo em cinco anos, além do grande potencial pesqueiro. O território no Atlântico Sul, entrou novamente nas discussões quando em 2010, uma cúpula do Mercosul, formada por Brasil, Uruguai e Paraguai- que declaram apoio à Argentina- juntaram-se a mesma para proibir a entrada de embarcações com bandeiras das ilhas Malvinas em seus portos. 




   Nas últimas semanas a tensão aumentou por conta de uma ação do governo inglês, quando utilizando-se de manobras militares nas ilhas, provocou a reação do país argentino.Onde este classificou esta como uma decisão “militarista”.  Ao se defender das declarações da presidente argentina, o primeiro-ministro britânico David Cameron diz: “O Conselho de Segurança Nacional, discutiu esta questão; o ponto chave é que apoiamos o direito das Ilhas Falklands à autodeterminação e o que os argentinos têm dito me soa muito mais como colonialismo, as pessoas querem continuar a ser britânicas e os argentinos querem que elas façam outra coisa.” De fato os moradores do arquipélago se dizem satisfeitos com o governo inglês e defendem a permanência da soberania britânica nas ilhas.

   O conflito entre os dois países já foi bem mais intenso, segundo dados históricos, as ilhas foram descobertas por ingleses ainda no século XVII, no entanto, os franceses entraram primeiro no arquipélago. Já no século XVIII, tanto Espanha quando Reino Unido ocuparam o território, mas os ingleses em pouco tempo deixaram as Ilhas Falklands sob o domínio dos espanhóis, que também saíram do local. Em 1820 o governo argentino resolveu ocupá-las, já que se encontram há menos de 500 km da costa do país, mas em 1833 os britânicos voltaram expulsando os argentinos que estavam no arquipélago. A crise maior foi em 1982, quando o general  Leopoldo Fortunato Galtieri, decidiu invadir as ilhas para desta forma, conseguir popularidade, já que o regime militar argentino perdia forças diante da crise econômica provocada pelo próprio regime que já estava em decadência.

   No entanto, no mesmo ano, o Reino Unido conseguiu uma resolução na ONU de número 502, exigindo a saída das tropas argentinas, essa reação surtiu efeito para a popularidade de Margaret Thatcher (primeira-ministra britânica) crescer, haja vista suas medidas econômicas neoliberais, que estavam desagradando parcelas do povo inglês. Os britânicos, sob a chefia da primeira-ministra, venceram. Consolidando o fim do regime militar na Argentina e firmando Margaret Thatcher no poder. Esse episódio está sendo lembrado no filme “A Dama de Ferro” protagonizado por Meryl Streep, que está concorrendo ao Oscar na categoria de melhor atriz no Oscar deste ano, a obra conta a história de Margaret Thatcher incluindo o conflito com a Argentina em 1982.


    As ilhas representam os recursos provenientes do Atlântico Sul, desde a reserva de petróleo ao espaço na região para as rotas de comércio, a medida que o tempo passa, o conflito midiático entre os dois países vai aumentando. A grande expectativa é para o dia 2 de Abril deste ano, onde a Argentina fará 30 anos que invadiu as ilhas dando início ao conflito armado.




- Saiba mais em:
http://g1.globo.com/videos/globo-news/sem-fronteiras/t/todos-os-videos/v/argentina-volta-a-discutir-com-o-reino-unido-a-soberania-das-ilhas-malvinas/1786258/



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Incrível Político Jânio

 
 “Sou um homem que presta contas a si mesmo”


   Certamente líderes notáveis, de realce imediatamente reconhecido, espelham-se em outros, que fornecem ampla admiração, traduzida por vezes no comportamento. É dessa forma que Jânio Quadros, o ídolo de Vila Maria (bairro da zona norte de São Paulo); o primeiro político de massas do Brasil, segundo Fernando Henrique Cardoso; o primeiro grande comunicador político a utilizar técnicas não-convencionais, segundo José Sarney; o autentico que encenava a si mesmo, segundo Carlos Lacerda, tinha Abraham Lincoln traduzido em seu espelho.

    Talvez mais impressionante que sua súbita elevação na carreira política, seja sua conduta, sua personalidade. O homem que falava de moralidade com as multidões, agia com inconfundível intimidade com cada um. Seus bilhetinhos, sua forma direta de expressar insatisfações com quem quer que seja.   Sua ambigüidade, inteligência e a paixão pela política. Jânio Quadros nutria verdadeira paixão pela essência da vida pública, pelos ditames do conservadorismo social.

    Jânio, desde a aparência até sua renúncia demonstra o quanto foi e ainda é intrigante, o quanto mesmo transparecendo paradoxos, ao fim de tudo se resume em coerência. Antiquado ao ponto de gerar insatisfações, esperto o necessário para causar surpresa. Há quem fale sobre sua demagogia, há quem fale de sua oratória incrível.



“ Não creio nas concessões demagógicas. Não creio na mentira das promessas. Não creio nos sufrágios da fraude. Não creio nos desmaios da Autoridade. Não creio na desordem administrativa. Não creio nas intolerâncias das filosofias e das confissões. Não creio nas ditaduras de qualquer tendência. Não creio na providência das espórtulas constrangedoras. Não creio no latifúndio anti-social. Não creio, enfim, no que se vê ao nosso alcance e à nossa roda, como se fora democracia, quando é a sua caricatura, a sua cárie! (...)
 Creio, sim, no império da Constituição. Creio na nobreza da Magistratura Suprema. Creio na autenticidade das Casas Legislativas. Creio na moeda sadia, com a qual se pague a despesa corrente e se amealhe o pecúlio do amanhã. Creio no proletariado consciente.  Creio na opinião garantida pelas franquias e limitada pelos códigos. Creio na livre empresa, embora circunscrita pela vantagem da comunhão. Creio na nossa maturidade, que nos impõe caminhar pelo mundo sem tutelas ou temores.”


- Discurso de Jânio Quadros no momento em que foi lançado candidato à presidência, na Convenção Nacional da UDN.

   Seria de fato, acertado dizer que um dos episódios mais intrigantes da política brasileira denomina-se no período em que Jânio Quadros renúncia à presidência do Brasil. Há versão para todo tipo, dúvidas intermináveis, há também um suposto depoimento do próprio Jânio para seu neto Jânio Quadros Neto, que mais tarde, em 1996, foi revelado no livro Jânio Quadros, Memorial à História do Brasil.

    Segundo o livro, a renúncia de Jânio Quadros foi uma tentativa de articulação política, que não passou de um surpreendente fracasso para o próprio presidente. Que contava com o apoio popular, acreditando que a opinião pública de um modo geral, não aceitasse sua renúncia e que as elites não aceitariam Jango na presidência, o comparando a Lula, que na década de 80 não tinha o apoio da elite brasileira.

    Considerando o efeito de outras renúncias.  Jânio achava que da mesma forma que Getúlio em atitude extrema provocou a paixão popular, que o mesmo ocorreria consigo, que o povo brasileiro iria às ruas exigir sua permanência na presidência do Brasil. Provavelmente a renuncia foi o maior erro que um dos grandes fenômenos da política brasileira poderia cometer. E os desdobramentos desta, sua maior frustração e de todo o Brasil.

“Quando assumi a presidência- eu não sabia a verdadeira situação político-econômica do país. A minha renuncia era para ter sido uma articulação. Nunca imaginei que ela teria sido de fato feita e executada. Renunciei à minha candidatura à presidência em 1960 e ela não foi aceita. Voltei com mais fôlego e força. Meu ato de 25 de Agosto de 1961 foi uma tragédia política que não deu certo, uma tentativa de governabilidade. Também foi o maior fracasso político da história republicana do país. O maior erro que já cometi.”

                 
Jânio Quadros, 25 de Agosto de 1991, Hospital Albert Einstein, São Paulo. Seis meses antes de seu falecimento.



    Há, no entanto, outras versões que diferem desta, no sentido de que o presidente sabia o que estava fazendo e renunciou pela forma que pensava, que Jânio tinha razões pessoais de personalidade para querer de fato governar de forma independente como fazia quando governava São Paulo. O que não poderia fazer em Brasília, posta a pressão dos partidos, das elites, das forças externas, das forças nacionais que segundo ele eram forças terríveis (que Getúlio as chamavam de forças ocultas) que mobilizavam os braços da democracia a tornando inofensiva. Talvez querer governar de forma independente como seu ídolo Abraham Lincoln, foi o seu erro, ser solitário demais na política, certamente não é política. Porém, inegavelmente, Jânio foi um político completo.


 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Filme "A onda"

Sinopse

Dirigido por Denis Gansel, A Onda traz a seguinte trama: Rainer Wegner, professor, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder.

Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de "A Onda". Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e "A Onda" já saiu de seu controle. O filme é baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.

 
O enfoque dado ao movimento nazi-fascismo evidencia a popularidade atribuída ao mesmo, por esse ser tema de inúmeras discussões relacionadas aos regimes totalitários. O enredo do filme constrói-se basicamente na forma como o movimento “A onda” ganha força e adeptos num pequeno espaço de tempo e de como funciona uma doutrina ideológica.
      “A onda” coloca questões muito além de apenas moldes doutrinários, de críticas ao nazismo ou qualquer outro regime, pois independente de qualquer ideologia que se adote, o formato, o modo se concretizar o movimento, geralmente são muito semelhantes.
      Pois a principal característica se dá pela idéia de grupo ideológico, que forma suas ideologias, regras, seus costumes, sua expressão, e como figura de destaque, seu líder, esses grupos ideológicos são extremamente comuns mesmo na sociedade contemporânea, onde a tendência de homogeneizar toda a sociedade do espetáculo age coercitivamente.
    Os grupos se formam por indivíduos que se identificam com as políticas pregadas principalmente pelo então líder. E essa identificação é natural, é racional, pois o ser humano sente a necessidade de viver em grupo, na presença de outras cabeças sincronizadas para que dessa forma não haja conflitos.
     Em “A onda” todas essas características são adotadas pelos alunos, pois apesar de recriminarem as ações praticadas pelos líderes do nazi-fascismo, aderem ao movimento formado pelo professor Ross, deixam de ter uma identidade pessoal, para seguirem traços da doutrina, impostos pelo líder de forma coercitiva, alienada, e cegamente tornam o movimento cada vez mais expressivo, é interessante ressaltar que a história real em que se baseia o filme, aconteceu na Califórnia (EUA), onde teoricamente se reprimia fortemente ideologias nazistas.
     É indiscutível a qualidade temática da obra, pois inúmeros aspectos cabem em nível superficial de avaliação, tais como: doutrinas ideológicas, comportamento humano, particularidades sociais e ética, essas são questões claras, a questão social, por exemplo,  se dá pelo fato do grupo se achar superior a qualquer outro, com o absolutismo extremado de esquerda ou direita, concretizado pela recusa de idéias exteriores ao grupo.
      Nesse tipo de movimento o fanatismo é tão presente que quem se recuse a aderir às políticas do grupo, é criticado de forma agressiva em muitas das vezes, podendo chegar à violência. O enredo do filme exemplifica como funcionam os partidos políticos, onde os membros do grupo deixam que a vontade do líder supere seus anseios individuais. 
     Esclarece como o ser age na busca de se identificar e se inserir em algum grupo, formalizando seu instinto na forma do comportamento, e esse seu comportamento marcante, defendendo seus semelhantes, explicam no comportamento humano características animais, no ato de viver em bando, na tendência de seguir à maioria que teoricamente por ser a maioria teria razão. Essas são questões puramente humanas, da idéia de coletividade.


 


“Vocês trocaram sua liberdade pelo luxo de se sentirem superiores. Todos vocês teriam sido bons nazi-fascistas. Certamente iriam vestir uma farda, virar a cabeça e permitir que seus amigos e vizinhos fossem perseguidos e destruídos. O fascismo não é uma coisa que outras pessoas fizeram. Ele está aqui mesmo em todos nós. Vocês perguntam: como que o povo alemão pode ficar impassível enquanto milhares de inocentes seres humanos eram assassinados? Como alegar que não estavam envolvidos. O que faz um povo renegar sua própria história? Pois é assim que a história se repete. Vocês todos vão querer negar o que se passou em “A onda”. Nossa experiência foi um sucesso. Terão ao menos aprendido que somos responsáveis pelos nossos atos. Vocês devem se interrogar: o que fazer em vez de seguir cegamente um líder? E que pelo resto de suas vidas nunca permitirão que a vontade de um grupo usurpe seus direitos individuais. Como é difícil ter que suportar que tudo isso não passou de uma grande vontade e de um sonho”.

    


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A Equivocada Ku Klux Klan



     A consciência racista e assim a ideia de inferiorizar negros e povos diversos, além de secular, condicionou a formação de ideologias no pólo mais distante da lucidez. Houve momentos em que mesmo guerras foram travadas a partir de um sentimento racista, haja vista as causas da Segunda Guerra Mundial.
     Porém, posições sociais foram alterando-se no decorrer de acomodações até mesmo de acontecimentos divergentes, mas que atuaram no sentido de amadurecer o pensamento social coletivo. Deste modo, na contramaré das mudanças graduais, surgem algumas organizações de fato bem organizadas.
     A Ku Klux Klan, chegou, na década de 20 a contabilizar em torno de 4 milhões de membros. Tudo começou após da Guerra Civil norte-americana em 1865, em Pulaski, no estado de Tennenssee (E.U.A). O receio de que os negros pudessem em algum momento sobressair outros grupos no que tange a direitos como o voto e a aquisição de terras, fez com que na época, o general Nathan Bedford Forrest criasse a primeira versão da Ku Klux Klan.
     Exatamente pelo caráter racista, tal organização mostrou-se bastante intolerante, praticando violência contra quem estivesse fora do círculo ou anel, como significa o nome dado a organização, através da palavra grega “kuklos”.  Esse aspecto conferiu a Ku Klux Klan a nomeação de “entidade terrorista” e por esse motivo foi banida dos Estados Unidos no ano de 1982.
      Este já faz parte do segundo momento da Ku Klux Klan, que voltou em 1915 após uma decadência da organização, através da polêmica obra cinematográfica “O Nascimento de Uma Nação” um filme de David Llewelyn Wark Griffith, uma amostra do cinema mudo.  De 1915, o primeiro filme a ser exibido na Casa Branca, apesar do sucesso, logo foi banido em determinados lugares nos Estados Unidos. Claramente racista, posto que tratasse os afro-americanos com clara discriminação, além da Guerra de Sessão, o assassinato de  Abraham Lincoln, assim como outros conflitos da época nos Estados Unidos que foram assim reproduzidos.
     Episódios como a Segunda Guerra Mundial, serviram direta e indiretamente de fortalecimento do amadurecimento do pensamento quanto à integração de negros em sociedade e a posterior decadência da Ku Klux Klan, que apesar de uma breve aproximação com o nazismo, por determinadas semelhanças de suas linhas ideológicas, enfraqueceu por conta da inviabilidade de próprias linhas, através do fracasso do nazismo na grande guerra.

A Ku Klux Klan adota características próprias, muitas em certo modo, mistificadas.

“... e daquilo que pudessem os noviços do século vinte idear em horrores, mercantilismo secreto, ameaças e compromissos de maior responsabilidade. Os infernos passaram a chamar-se cavernas e as reuniões passaram a realizar-se em grandes locais muitas vezes sob o céu aberto. Não raro milhares de autos vinham reforçar, guardas a cavalo e a cercavam o local e estavam presentes os utensílios com que se entusiasma qualquer bom estadunidense: a bandeira das estrelas, a Bíblia aberta e o punhal desembainha do a fazer pano de fundo, uma cruz em fogo, na noite, projetava uma luz estranhamente tranquilizadora sobre as filas dos agora uniformizados homens dos capuzes brancos...”

     Hoje, a Ku Klux Klan, está praticamente morta, conta com em torno de 3 mil membros, pelo que se sabe. A mais conhecida associação racista, de cunho violento já não faz mais sentido em detrimento de mudanças na consciência coletiva, proporcionando uma reforma social quase generalizada. Recentemente um líder da organização disse que Barack Obama não é negro, segundo Thomas Robb, o presidente dos Estados Unidos é mulato, posto que Obama não foi criado num ambiente negro, haja vista que sua mãe é branca.  Thomas Robb assim mantém o equívoco que foi e continua sendo os protestos da organização e como qualquer equívoco, uma hora ou outra fracassa, gradualmente perdendo espaço porque luta contra forças sociais.


O equívoco da Ku Klux Klan ficou mais concreto quando alguns de seus ex-membros  acusados de um crime terrível contra crianças negras, foram condenados. 

 Veja no link:

http://investigation.discovery.com/investigation/crime-countdowns/bombers/bombers-04.html

                                           Thomas Blanton (2001)