terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Greve é Cotidiana



"O serviço público é o patrimônio dos que não tem patrimônio" Celso Antonio Bandeira


O ano de 2012 está sendo desastroso para o governo brasileiro. A Presidente da República, Dilma Rousseff já precisou até mesmo sair pelos fundos do Palácio do Planalto devido a manifestações de servidores públicos em greve. 

Já são aproximadamente 30 órgãos federais com atividades paralisadas e o governo se vê numa delicada posição. De acordo com os sindicatos, são mais de 350 mil funcionários públicos parados.

Neste conjunto, incluem-se as instituições de ensino superior, em torno de 95% delas interromperam suas atividades acadêmicas, demonstrando a maior mobilização já feita no setor. Em mais de três meses sem aulas, mais de um milhão de estudantes estão com o calendário do ano eletivo atrasado.

Em especial, os professores universitários buscam melhorias salariais, um melhor plano para suas carreiras e melhores condições de trabalho dentre suas reivindicações. Outros servidores públicos pedem por medidas semelhantes, ocorre que fortes alterações nas contas públicas precisam de uma extensa programação.

O Ministério do Planejamento informou que de acordo com as exigências de todos os grevistas, o impacto para atendê-los giraria em torno de R$ 92 bilhões de reais.

 Porém, o país passa neste momento por dificuldades econômicas devido à crise internacional, o que não significa que não dê para fazer reajuste junto aos grevistas.

Vendendo uma quantidade muito menor de commodities, o país não consegue levantar o crescimento que muito provavelmente será pouco mais de 1% (PIB) este ano, que fechou o primeiro trimestre em 0,2%.

Há, neste período, uma tentativa do governo em investir em infraestrutura para alavancar a economia brasileira e isso, obviamente requer um montante de recursos muito alto.

Na contrapartida, estão os servidores públicos. Não há como negar, no caso dos professores federais, a legitimidade em buscar pelos merecidos reajustes é clara.

Contudo, há de se perceber determinados pontos fundamentais para a discussão.  Talvez não seja tão relevante mencionar, mas a conduta de um número considerável de docentes pode sim ser posta em xeque inclusive na prática dentro da comunidade acadêmica.

Dentre muitos dos professores que hoje estão em greve, há aqueles que durante o período de aulas, agem na contramão do que defendem nas manifestações.  É muito comum o desinteresse do docente no momento de lecionar nas universidades.

A greve, em muitos dos casos ocorre no dia a dia quando o professor não aparece para ministrar aula, quando incansáveis vezes ele viaja, quando ele finge estar ensinando, quando o professor não passa metade do conteúdo programado para o semestre, quando não busca oferecer qualidade no ensino que oferece.

Alguns faltam tantas vezes que praticamente não há conteúdo ensinado em determinada disciplina, o desinteresse em ensinar, em se preocupar que dezenas de alunos estão contando com ele, em um grande número de jovens dentro da sala de aula esperando em vão por sua chegada, por sua presença.

Há professores que são capazes de inventar coisas absurdas para passar semanas sem dar aula, sem ao menos dar alguma justificativa para os alunos, para a universidade, porque pensam não precisar manter um compromisso acadêmico.

Muitos estudantes que passam por diárias e penosas dificuldades para se manter na universidade se vêem constantemente frustrados com o ensino na rede pública que não supera metade de suas expectativas.

Esses mesmos professores cobram muito pelo pouco que fazem, quando fazem. Esses professores sejam desmotivados pelas adversidades, seja por falta de vontade pessoal, não contribuem para legitimar a cobrança que fazem, para formar profissionais capazes como se espera.

Contudo, há quem ensine, há quem cumpra sua honrada função de ajudar no desenvolvimento de dezenas de estudantes. Há o professor que pela conduta que adota -a que deveria ser a mais comum- cria no aluno um respeito, uma admiração que muito provavelmente este levará para toda a vida.

Para esse professor, o melhor plano que o governo pode oferecer é nada mais justo do que a meritocracia, do que uma remuneração coerente com o desenvolvimento acadêmico realizado por este profissional.

 A este professor, que honra muitos que nele deposita a confiança típica de estudante, o justo é receber com qualidade por oferecer qualidade.