terça-feira, 21 de junho de 2011

América Latina, agora sem maquiagens.

" Há aqueles que creem que o destino descansa nos joelhos dos deuses, mas na verdade é que trabalha, como um desafio cadente, sobre a consciência dos homens." (Eduardo Galeano, 1971)



Estamos diante de um ícone da história, falar sobre a América Latina é denunciar os infinitos saques sofridos desde seu nascimento, quem não cessam nunca. É um verdadeiro pecado não se lembrar do holocausto vivido por Potosí (Bolívia), os milhares e milhares de nativos exterminados assim como as gotas que caem do céu, em números incontáveis. Desde o berço, nossa história foi manchada com o sangue da nossa gente. Nossa riqueza mudou de continente, a estupidez de alguns países ibéricos, tais como Portugal e mais necessariamente Espanha, levaram os latinos à miséria que ainda hoje existe e existe porque o saque continua, mas desta vez os nossos vizinhos do hemisfério norte, os Estados Unidos de América fazem às vezes dos antigos saqueadores no quesito saque em território latino, e muitas das vezes saqueiam até mesmo os próprios territórios a exemplos pode-se citar: Texas, Califórnia, Colorado, Arizona, Novo México, Nevada e Utah. Todos esses territórios pertenciam ao México, porém com total autonomia, em 1845, os EUA simplesmente anexaram esses territórios ao seu. Em cada extremidade, em todo lugar, por todo o seu vasto território, a América que conhecemos, sofreu as influências massacrantes de agentes europeus. Servimos por séculos, se há riqueza em determinados lugares, isso se deve à nossa prata, nosso ouro, nossos índios, nosso café, nossas riquezas naturais. O olho gordo e ganancioso de outros que se dizem desbravadores dos 7 mares, nos manteve no sistema agrícola combinado à servidão absoluta. O nosso tão querido Brasil participou ativamente do todo o esse processo, a exemplo temos a queda de Jânio Quadros, que foi obrigado, por militares, a renunciar à presidência. Eis sua frase de despedida: “Forças terríveis se levantaram contra mim.”
Contudo, há momentos de glória, especialmente quando se fala em Emiliano Zapata, o mexicano que lutou pela reforma agrária em 1910 contra as forças de verdadeiros ditadores, posto que ainda é preciso ir de encontro às ditaduras existentes na América Latina disfarçadas de governo do povo. 
Diante do mar de misérias alagando todo o território latino, lutas foram travadas, conquistas foram levantadas e mesmo assim a descarada exploração não se enfraqueceu, apenas mudou de face, agora, em plena década de 60, nossa América foi invadida pelos agentes mercadológicos, a contemporaneidade fez alguns ajustes e os famosos saques mudaram. Agora chegou a vez das multinacionais, que vieram pra ficar e demandar ordem comercial sobre nossa economia.
Porém os problemas são eternos, visto que nos anos 80, conhecemos a chamada “década perdida” mais um período de crise intensa. A bolha econômica transformou nosso território em quintal de recessão marcante, e hoje a coisa não é muito diferente, posto que nossos burgueses não passam de funcionários das famosas corporações estrangeiras.
Todo esse delicado organismo de acontecimentos que em sua maioria é negativo, vai se configurando em um considerável progresso, ainda que lento. Nossa história particular continua sendo formada dentro da história da humanidade. Parece que alguns aspectos estão sendo alterados, hoje em 2011, com todas as incertezas, com a legitimidade em vários de seus aspectos em crise pelo mundo inteiro, conflitos que abarcam inocentes, que também fazem história e tantos outros pilares da política econômica mundial que se movem constantemente, fazem com que as coordenadas se alterem, alteram assim os cenários e, sobretudo a política social, que dirá a Grécia e com ela toda a Europa neste momento. Considerando questões primordiais, tendências óbvias e ideologias próprias, será que o Brasil poderá ser o eixo de libertação para o progresso latino? Ou teremos árduos empecilhos?  Veja o mundo como se estivesse fora dele, perceba as mudanças, perceba a história, é fácil descobrir o futuro.



Texto referente o livro “As veias Abertas da América Latina” (Eduardo Galeno)
Análise pessoal.