quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Governo Dilma Sem Maiores Detalhes

     Entra em momento especial para o Brasil, após quase duas décadas de notável prosperidade econômica, o governo de Dilma Rousseff vem acompanhado de uma das maiores crises financeiras da contemporaneidade. No entanto, devido a essa tal prosperidade, uma pequena blindagem foi de fato sentida, no tocante aos efeitos de tal crise no mercado nacional, mesmo porque, a própria economia interna foi o principal agente inibidor. Conciliando mercado externo fraco com protecionismo das indústrias nacionais, gerou-se alta no consumo e por esse motivo, alta na inflação.

     Dilma dá seguimento às políticas econômicas do governo Lula, a saída de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central, para em seu lugar entrar o ex-diretor do próprio banco, Alexandre Tombini, deu-se pelo desejo do próprio Lula, de ver Meirelles como vice de Dilma nas eleições de 2010. Porém, o PMDB indicou Michel Temer. Em concordância com o perfil do governo anterior, manteve o ministro da fazenda Guido Mantega, o mesmo que teve que tomar por vezes medidas “desesperadas” para conter a desvalorização do real, injetando dólar no mercado nacional, evidenciando o termo de sua própria autoria a agora famosa “Guerra Cambial”.

     Devido a necessidades externas, pois para conter a inflação no início do governo, que estava cotada em 6,30% no acumulado, portanto acima de meta para 2011 (4,5%), o governo Dilma, começa com aumento da taxa selic em duas vezes de 0,25 ponto. Elevando a taxa para 12,50%. Entretanto, notando os efeitos que a crise financeira das economias européias e dos Estados Unidos fariam, o Copom resolve baixar a taxa selic para 12%, surpreendendo o mercado nacional, e gerando críticas quanto à independência do setor monetário. Chegou-se a dizer que houve interferência política na decisão de diminuir a taxa de juros. De fato, em declarações à imprensa, a presidente fez incentivos ao consumo, e possível corte na taxa selic para que dessa forma, fosse garantido um fortalecimento das indústrias nacionais.

     Em Fevereiro, o governo fez um reajuste no salário mínimo de R$ 510 para R$ 545, abaixo do índice de inflação registrado no ano, em torno de 6,50% no acumulado. Embora tenha negado em campanha que faria cortes, Dilma optou por fazer um corte de R$50 bilhões no Orçamento Federal, porém, esses reajustes mantiveram-se  em  cortar investimentos, e não despesas públicas, que pelo contrário, aumentaram. Com a repentina volta do IPI sobre automóveis importados, o governo recebeu duras críticas, por exagerar no protecionismo de um setor já bastante protegido que são as indústrias nacionais de automóveis, como disse Miriam Leitão.

     É notável a política fiscal do governo de Dilma Rousseff, a contenção nos gastos, que ocorre de forma branda, mas ocorre, deve-se em parte ao governo anterior na promoção de gastos exagerados, que em ano de crise, poderiam comprometer muito do que está sendo feito para suavizar os impactos da crise da zona do euro.

    Certamente o fato mais marcante no atual governo do ano de 2011, foi a impressionante troca de ministros. Parece que o ano será fechado na conta da queda de sete ministros, dentre os quais, seis deles saíram do cargo por denúncias de corrupção, mesmo antes da reforma ministerial que será feita em 2012, já houve uma troca intensa de chefes dos ministérios, que por vezes, fortaleceram a imagem da presidente, que fez questão de transparecer a caráter punitivo de quem não andasse na linha.
     Ocorre que mesmo com a freqüente troca de ministros, não param as acusações e suspeitos, o atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, está sendo questionado por atividades como consultor.  Fora de acusações, mas também pretende sair nas próximas semanas, Fernando Haddad, o ministro da educação desde a era Lula, está certo como candidato para a prefeitura de São Paulo em 2012, e por esse motivo, deve deixar a pasta, em seu lugar o próprio ministro já espera para que o substituto seja indicado. Espera-se que em breve a indicação seja feita pelo PT (dono da pasta).

     A primeira mulher eleita no cargo mais importante no Brasil, em seu primeiro ano como presidente, teve que enfrentar a volatilidade do mercado externo, implicando em medidas, muitas delas de forma repentina, na economia nacional. Escândalos de corrupção com uma quantidade recorde de ministros, a ainda comparação entre ela e o ex-presidente Lula, sem contar da grande expectativa gerada por todos os setores da sociedade, para conhecer os mecanismos do governo de uma presidente, num ano marcante para o Brasil, no que se refere, sobretudo, ao cenário mundial da economia política.

     Neste primeiro ano de governo, Dilma adotou uma postura intermediária no que tange à política externa. Evitando qualquer conflito mesmo com a Síria, que sofreu e ainda sofre diversas sanções, pela falta de providências quanto ao conflito interno, aumentando a cada momento o número de mortos. Entende-se que é muito cedo para dizer como será este governo até seu final. Porém, nota-se tendências um pouco distinta das quais se conheceu no governo Lula, exceto as políticas de assistencialismo que tendem a aumentar, para que continue o efeito no inchaço da classe média (isto é, mais gente saindo de classes inferiores e ingressando na classe média do Brasil, a classe com o maior poder de compra, no sentido quantitativo e, principal setor que faz manutenção do mercado interno)

     Espera-se que após a reforma ministerial, onde alguns ministros ainda do governo do Lula, devem sair, as comparações diminuam um pouco. Embora no terceiro trimestre o crescimento do Brasil tenha sido zero, no fim de 2012 a expectativa é de o desempenho do Brasil na economia seja melhor do que em 2011. As pequenas e médias empresas certamente darão impulso à volta no crescimento. As eleições municipais servirão como termômetro e antes disso, a avaliação do governo Dilma já esteve acima da que foi dada a Lula. Desde já, certo mesmo são os gastos com a Copa de 2014, evento que pode influenciar na reeleição de Dilma, caso seja candidata novamente.

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