quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Caráter Político do Imaginário Militar no Brasil


     Mesmo muito antes do golpe de 64, os militares já mostravam à sociedade, sua força. Na revolução de 30, essa perspectiva ficou às claras. Nesse episódio e, a partir daí, o exército brasileiro e sua alta cúpula não agiria sem o apoio necessário, que garantisse sua posição no país. 
     Visto porque, os militares estão interferindo na política e, desse modo, se faz necessário que outras classes os apóiem, por isso, parcelas da sociedade deram seu apoio. Como diz Evaldo Sintoni no livro, Em busca do inimigo perdido: construção da democracia e imaginário militar no Brasil (1930-1964): “Mas os militares, quando intervieram na ordem política, intervieram com o apoio claro das elites civis.” (pág.45)

     Ainda segundo Evaldo Sintoni, a partir da diversidade social do Brasil, e numa perspectiva exatamente inversa da política elitista, a cúpula do grupo dos militares começa sua caminhada. Tomando conhecimento disto, passa então a protestar contra os problemas do país, afim de que dessa forma, tomasse o apoio da opinião pública. Formando uma imagem de jovens defensores do progresso nacional, que defendiam medidas sociais através de decretos, em coerência com a linha ideológica militar.

     O imaginário militar que findará mais tarde na ditadura brasileira, começa bem antes da queda de João Goulart. A forma como os militares dão inicio a ideologização do grupo militar de caráter político, se dá no processo de levar em questão, a realidade vigente do país. No tocante a atuação de algumas das instituições que eram assim formadas por militares. Infiltrando na sociedade, ideias que dariam à mesma a possibilidade de estágios elevados de desenvolvimento. A forma como essas instituições discutiam tais problemas, a importância com que esses eram conduzidos, fez com que tais debates se espalhassem por outros setores da sociedade, não menos organizados. De sindicatos, passando por universidades até partidos políticos.  A ideia de que as forças armadas poderiam conduzir o país, era intensificada na Escola Superior de Guerra.


     Desde Getúlio, a força militar expressava-se de forma concreta. Mesmo porque, o nacionalismo de Getúlio Vargas era frequentemente criticado, diziam eles que o nacionalismo seria semelhante ao comunismo. A interferência militar era sentida por Vargas em questões mesmo de caráter político, no que diz Sintoni. “Vimos que Getúlio Vargas solicitou o aval do Exército para se lançar candidato e, uma vez eleito, teve a sua posse garantida por generais (Estillac Leal, Góes Monteiro, Zenóbio da Costa e, até mesmo, Eurico Gaspar Dutra).” Porém, isso não significa que todo o Exército estivesse apoiando Vargas, mas uma parcela dele, com sempre foram suas atividades em meios aos interesses da sociedade civil, em setores diversos, pois os interesses das próprias forças armadas eram heterogêneos.

     Em 64 a crise permanece, posto que o governo João Goulart não conseguisse mais controlar a inflação e, políticos de um modo geral, que queriam Goulart no poder até o fim (pois se desejava que o poderio político se mantivesse através do sistema democrático, para assim, articular-se um domínio político), não mais desejavam a permanecia do governo, pois os mesmos tomam uma posição contrária e querem a saída de Goulart. Então, com problemas inflacionários, as pressões sociais (que se incitam a tal pressão, geralmente por conta da condição em que vivem no momento, por insatisfação na vida econômica) e por pressão política, começa a ficar evidente a queda de Goulart e a força militar, que chega ao poder da forma mais eficiente, com o apoio popular. É o início da ditadura no Brasil.

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