quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A Origem "Antológica" da Crise Financeira

     Estamos em 1989, Leste Europeu, começa a cair por terra a famosa economia estadista, sistema ditatorial, o Estado sufoca o trabalhador de uma forma fundamentalmente distinta do que foi proposto por Karl Marx e Friedrich Engels. Era o fim do socialismo real, denominado na época pelo americano Francis Fukuyama, como “o fim da história”.
     Estamos em 2011, o planeta “caminha pisando em ovos”, a crise financeira de proporções mundiais, em curto prazo, é justificada mediante uma crise imobiliária ocorrida em 2008 e 2009 nos Estados Unidos, denominada por uma parcela de analistas como uma “pré-crise”, haja vista o mercado ser amplamente interligado, contaminando bancos e governos, como uma doença viral que se espalha sem remédios combativos para sanar o problema.

     A política de vitória do regime capitalista diante do fim do socialismo real implantou um entusiasmo amplamente difundido no mundo, no início da década de 90, fazendo com que os entusiastas do liberalismo econômico deixassem de lado o que realmente significava o fracasso da economia estadista.  

     Em seu livro “O Colapso da Modernização” Robert Kurz lembra que a suposta derrota de economia adotada pela União Soviética e boa pare do Leste Europeu, simbolizava mais um capítulo para o já de certo modo decadente capitalismo, mesmo porque, na década de 80, países de Terceiro Mundo, viveram um dos episódios mais escuros da economia mundial, a chamada “década perdida” na América Latina, serve como efeito comparativo hoje para a crise vivida pela Europa, Estados Unidos, e outras regiões do globo, posto tamanha é a crise que se vive neste momento.

     De fato, alguns líderes já colocam esta, como a pior crise da história, porque será sentida por muitos anos, certamente.  Embora se tenha cultivado um distanciamento extremo entre os pólos do capitalismo e socialismo, Kurz defende que os dois regimes baseiam-se sob o mesmo aspecto, o trabalho.

     Portanto, o autor expõe a premissa de que com o socialismo extinto, o “oba-oba” dos defensores do liberalismo ajudados pela ciência evoluindo no ritmo dos mercados, trabalhou antologicamente para a queda do próprio regime de liberdade comercial, no sentido de que o relógio mercadológico impõe uma corrida pela mercadoria pronta com a menor contribuição de trabalhadores possíveis, logo, à medida que as forças produtivas mediante à industrialização e cientificização rompem a relação social de trabalho, a relação de compra perde força. Ora, sem trabalho, sem renda, sem consumo, sem escassez de mercadoria, sem a lógica mercadológica.

(...) é muito provável que o mundo burguês do dinheiro total e da mercadoria moderna, cuja lógica constituiu com dinâmica crescente a chamada Era Moderna, entrará já antes de terminar o século XX, numa era das trevas, do caos e da decadência das estruturas sociais, tal como jamais existiu na história do mundo (...) (O Colapso da Modernização, pág. 207)

     O fim do socialismo real significou em parte, não uma vitória do regime capitalista propriamente dito, mas a aceleração para o reconhecimento de ilegitimidade funcional do próprio sistema supostamente vencedor, montando uma perspectiva de que todo o mundo precisaria interligar seus pontos num único sistema, forte, mas ao mesmo inseguro, por agir de forma positiva e negativa atingindo todos os setores do sistema.  

     Há de se convir que a economia estadista não surja com o socialismo extinto no Leste Europeu, que seu mal ou bem estejam necessariamente atrelados a esse episódio, ao mesmo, essa tendência ditatorial surge diferente dos primórdios da economia de Estado. Em períodos antigos, reis, utilizavam-se da economia como amparo para a manutenção do exército e de despesas reais. Mas a economia planificada, que fez surgir a revolta do proletariado, fez com que esse, agisse inconscientemente para sua própria extinção como força ativa amplamente diminuída na produção da mercadoria dentro da sociedade de trabalho.

     O sistema capitalista é um complexo de informações que funcionam como um quebra-cabeça, uma peça errada forma a distorção da imagem. Num turbilhão de incertezas, de “pânico especulativo” neste momento,a única certeza que se tem, provem da necessária reforma funcional, de políticas públicas não tão liberais. Esta proposta não significa o retrocesso em meio ao progresso, mas sim a solução viável diante da década perdida do século XXI.

4 comentários:

  1. "o relógio mercadológico impõe uma corrida pela mercadoria pronta com a menor contribuição de trabalhadores possíveis,
    logo, à medida que as forças produtivas mediante à industrialização e cientificização rompem a relação social de trabalho, a relação de compra perde força. Ora, sem trabalho, sem renda, sem consumo, sem escassez de mercadoria, sem a lógica mercadológica."

    se a análise valer em sentido estrito, para uma E SOMENTE UMA fábrica ou setor, vá lá. mas como chegar à essa mecanização? em algum momento a ação humana precisará entrar, né não? quem projetou o maquinário? quem o construiu? e as matérias-primas, de onde vieram? TUDO MECANIZADO? acho que não, hein? ou será que estamos em 2911 em vez de 2011?

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  2. a ruína do coumunismo demonstra que O CAPITALISMO que é frágil? hmmmm. difícil de demonstrar, viu?

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  3. "Há de se convir que a economia estadista não surja com o socialismo extinto no Leste Europeu, que seu mal ou bem estejam necessariamente atrelados a esse episódio, ao mesmo, essa tendência ditatorial surge diferente dos primórdios da economia de Estado. Em períodos antigos, reis, utilizavam-se da economia como amparo para a manutenção do exército e de despesas reais. Mas a economia planificada, que fez surgir a revolta do proletariado, fez com que esse, agisse inconscientemente para sua própria extinção como força ativa amplamente diminuída na produção da mercadoria dentro da sociedade de trabalho."


    economia planificada e economia de estado são diferentes? para mim, soam bem parecidos

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  4. como se assume que "O sistema capitalista é um complexo de informações que funcionam como um quebra-cabeça, uma peça errada forma a distorção da imagem." e, paripasso, se diz que é "necessária [uma]reforma funcional, de políticas públicas não tão liberais"?

    políticas liberais pedem uma MENOR intervenção estatal, o que ñ contradiz a 1ª afirmação, pois se a sociedade é uma ordem expontânea e complexa, quem será o agraciado governante que, na base da canetada, "resolverá" as dificuldades e complexidades inerentes à própria vida humana? não seria menos difícil simplesmente defender os contratos e direitos de propriedade, o laissez-nous faire, deixar que nós nos viremos [desde que sem agressão à propriedade alheia?]


    esse tal Kurtz, como costuma acontecer com marxistas, só faz dar voltas e voltas, com pitadas de raciocínios circulares baseados em premissas falsas e esconder os erros do social/comunismo para, depois, imputá-los à SOCIEDADE LIVRE. triste isso.

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