domingo, 6 de maio de 2012

Por que Estudar a Mídia?


     Ao se estudar determinados questionamentos, defronta-se muitas das vezes com uma complexidade de divergências. De forma que se deve considerar inúmeros aspectos e pontos que formam a mesma complexidade a fim de compreender o porquê e finalmente a resposta satisfatória para o mesmo questionamento. E, evidentemente abre-se espaço para outras inquietações que certamente se descobrirá num universo de ideias interligadas.
     Ao inquietar-se com questões midiáticas e outras relacionadas, o autor de “Por que estudar a mídia?” Roger Silverstone, esboça ideias um tanto comum, mas que fogem à nossa percepção cotidiana. Questões reflexivas de interesse geral, questões fundamentais que movem o mundo e que sem a força que possuem, a humanidade certamente seria distinta, em seus principais aspectos, do que se conhece na contemporaneidade.
     Questionar suas atribuições e tudo que rodeia a mídia parece um tanto arriscado, pois ser simplório neste caso tende ao erro. E o desenrolar de toda essa perspectiva parece compor-se de distintos aspectos vivos, pois ao se começar a análise, defronta-se com o movimento social inteiramente midiático, estabelecendo-se aí o mergulho da sociedade no mundo das mediações.
     Para se compreender determinados componentes midiáticos, Silverstone inicia pelo senso comum, indica o inconsciente como ponte para se chegar a ideias obscurecidas da mente. A mídia forma a experiência, individual e coletiva, a experiência cotidiana, a mídia se configura como um processo abrangente que se chama mediação, que é feita por nós, e para nós.
     Precisamos compreender como funciona esse processo, suas particularidades, precisamos entender que nós somos a mídia, que nossa participação é protagonista, que ela estabelece nossa rotina, nossos horários, e evidentemente, nosso comportamento.  Saber como a mídia participa e forma a globalização, como ela forma a cultura, como denomina nosso espaço.
     E dentro das perspectivas de avaliação midiática, encontramos elementos relevantes discutidos por Silverstone, tais como: Consumo, Tecnologia, Mediação, Globo, Erotismo e tantos outros. E como agente diversificador, O Outro, pois no reconhecimento deste, há o reconhecimento da diferença, e dessa forma formamos nossa própria identidade, o nosso senso individual. Essas e muitas outras, são questões primordiais que sem dúvida, estabelecem pontos esclarecedores para o questionamento a respeito das atribuições da mídia.
  Evidentemente, há questões ainda mais gerais, como a política da mídia, um tanto polêmica, pois se trata fundamentalmente do poder atribuído à mesma. Poder esse que modifica costumes, introduz outros, o poder de formar opinião e até mesmo de alterar processos políticos.  O poder de mover toda a sociedade, então é tão importante compreender o processo de mediação porque ele simplesmente é a base da nossa vida cotidiana.
     Entender os componentes da mídia é entender nós mesmos. Toda a vida em sociedade, é entender porque a história tomou os rumos que hoje conhecemos, e mais do que isso, é saber lidar com ideias que comandam nosso espaço e dessa forma se libertar do efeito da alienação total.
     Saber quais as implicações da mídia para com a política e nesse sentido, seu poder se faz fundamentalmente nos rumos que tomam os governos na esfera pública. De forma que abrange a todos, seja através dos veículos de comunicação, seja por contato direto e pessoal. O fato é que saber como se dá um processo em que nós estamos envolvidos intimamente, nos ajuda a compreender como funciona nossa sociedade.
     Fica claro dessa forma, que em “Por que estudar a mídia?”, Silverstone, faz uma análise de questões políticas, sociais e econômicas, de como a comunicação concretiza-se na Sociedade do Espetáculo de Guy Debord, de como a mídia é a sociedade e a sociedade é a mídia. Estabelecendo nosso espaço, nossas concepções.






“E nós que estudamos a mídia precisamos tornar a mídia inteligível. Não se trata de um projeto fácil, nem confortável. Mas o perseguimos na esperança de que depositando um grão de areia numa ostra a irritação causada por nossa presunção irá, de tempos em tempos se converter em pérola.”

(pág. 283, Por que estudar a mídia? Roger Silvestone)


Nenhum comentário:

Postar um comentário