Construído no
Centro-Oeste europeu, na fronteira entre França e Suíça, a cerca de 100 metros
solo adentro, compreendendo 27 quilômetros de extensão. O chamado Grande
Colisor de Hádrons (LHC) é um túnel no qual concentram-se os mais importantes
experimentos científicos de todo o mundo.
O LHC é um gigantesco
acelerador de partículas que custou nada menos que US$ 10 bilhões. Porém, não
fica muito difícil imaginar o que seria a maior máquina já construída na
história da humanidade ao inserir no atual contexto a obra cinematográfica,
Anjos e Demônios (filme de Ron Howrd, 2009).
No filme há um episódio
onde uma quantidade de antimatéria é guardada em uma caixinha e utilizada como
ameaça para destruir o Vaticano. Na
trama, a antimatéria em questão é produzida no Cern (Organização Europeia para
a Pesquisa Nuclear), exatamente o local onde está localizado o LHC.
Dado por isso, matéria
é qualquer coisa que ocupa um lugar no espaço e possui massa, formada por átomos e
partículas, que por sua vez são os elementos fundamentais da matéria, as
menores partes. De tal modo que a
antimáteira é a junção de antipartículas, que por sua vez são partículas com
carga elétrica inversa da partícula comum.
Leia-se o exemplo: pósitrons são elétrons
com carga positiva ao invés de negativa
No filme, a ameaça se explica do modo de que
quando a antimatéria entra em contato com a matéria comum, essas partículas
iguais, mas com carga elétrica diferente, colidem para uma explosão emitindo
radiação à velocidade da luz, o que causaria uma destruição arrasadora, evidentemente no contexto da ficção em
questão.
Dentre as partículas que formam a matéria, a
mais importante, que realmente é responsável pela formação da massa de tudo que
existe é a Bóson de Higgs, de acordo com o que argumentam os especialistas.
Acredita-se que esta seja a partícula
subatômica fundamental para que se compreenda como as outras partículas ganham
massa formando a matéria, o que teoricamente explicaria a formação do universo
e de todas as coisas.
O Bóson de Higgs é totalmente compatível com a
teoria do Big Bang (criação do universo). No momento exato do Big Bang a
temperatura era infinita, não existia matéria, apenas energia, onde partículas
viajavam na velocidade da luz, o que dificultaria interação entre elas e, por
conseguinte, não se formava matéria.
Num dado momento a temperatura do universo
baixou para 100 bilhões de graus, deste modo foi possível o surgimento das
partículas quarks e léptons, responsáveis pela formação do átomo. A partícula Bóson de Higgs, dotada de
energia, começou a atuar no chamado Campo de Higgs, que também surgiu após o
resfriamento.
O campo de Higgs, sob o efeito da energia da Bóson de Higgs acabou por criar resistência ao movimento das partículas, deste
modo ficou mais propício a colisão entre elas e a formação da massa, haja vista
algumas partículas começarem a se movimentar de forma mais lenta. O Campo de
Higgs é um imenso vazio cheio de partículas em intensa atividade de colisão,
como ocorre todo o tempo no universo.
O maior acelerador de partículas já construído
faz o mesmo processo que ocorre no universo: Prótons (partículas do núcleo do
átomo) são colocados em sentidos opostos até atingirem algo muito próximo da
velocidade da luz, algo em torno de 99, 9999991% desta velocidade.
Logo,
em determinado momento elas colidem, os fragmentos que restam do forte impacto
são outras partículas, dentre elas há a que irá determinar a maior freqüência
das próximas colisões, a Bóson de Higgs.
Mesmo
em face da gigantesca importância que se atribui ao evento que pode mudar e ou
confirmar para muitos, a concepção de mundo, de nós mesmos, há quem desconfie
da existência da Bóson de Higgs.
Quando foi anunciada a criação do Cern,
pessoas do mundo inteiro acreditavam que a grande máquina, o LHC, faria um
buraco no interior da terra, levando todos a um fim catastrófico.
Após o anúncio da criação de uma partícula
cujas características levam a crer que se trata da Bóson de Higgs, físicos
americanos se dizem acreditar que seja na verdade umas das duas variedades
exóticas da primeira, mas não a própria partícula.
Embora a teoria seja defendida há quase 50
anos e o físico inglês Peter Higgs tenha previsto a existência da partícula na
qual seu nome surgiu do seu próprio sobrenome, o que se tem a pensar é,
sobretudo, como e o quanto a confirmação do evento pode interferir no pensamento
de milhares de pessoas e guiar a humanidade para novas possibilidades.
Na ótica de pensar o “de onde viemos para
então sabermos para onde vamos”, para muitos pode interferir diretamente em sua
concepção de mundo.
Além da Bóson de Higgs ser chamada de
Partícula de Deus por conta de uma alteração do título de um livro cujo nome
seria The God Damn Particle, porém resolveu-se tirar o “damn” e assim permaneceu
apenas The God Particle (A partícula de Deus), o que interfere diretamente é a provável
nova descoberta se contrapor essencialmente sobre toda a ideia compartilhada de
que Deus foi o responsável pela criação do universo e de todas as coisas.
Apesar de alguns cristãos defenderem a
conciliação entre ciência e religião, sabe-se que a sustentação da fé é
propriamente oriunda da explicação divina para a formação do cosmo, o
criacionismo é utilizado por distintos segmentos religiosos como forma de
garantir a legitimidade da razão de ser daquela religião.
A ciência, ao chegar muito próxima da
explicação responsável pelo entendimento do início de tudo, se contrapõe de
forma quase gritante, sobre a crença de milhares e que acreditam na
formação de tudo que existe a partir de forças sobrenaturais, divinas.
Hoje, a ciência é a matéria-prima para a
tecnologia do futuro próximo, para efeitos globais, a Bóson de Higgs pode
alterar importantíssimos aspectos do modo pelo qual a energia é entendida e
produzida, justificando dessa forma o investimento de 20 bilhões de euros neste
projeto.
Apesar do teor controverso, o mais
interessante seria que a partícula conhecida não fosse a própria Higgs, isso
demonstraria que a complexidade na formação da matéria é ainda maior, elevando
o homem a patamares mais distantes ainda, dando legitimidade a razão de ser da
ciência divina de tão extraordinária que é: a permanente busca por respostas
impossíveis, até determinado momento.
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