Ao se estudar determinados questionamentos,
defronta-se muitas das vezes com uma complexidade de divergências. De forma que
se deve considerar inúmeros aspectos e pontos que formam a mesma complexidade a
fim de compreender o porquê e finalmente a resposta satisfatória para o mesmo
questionamento. E, evidentemente abre-se espaço para outras inquietações que
certamente se descobrirá num universo de ideias interligadas.
Ao inquietar-se com questões midiáticas e
outras relacionadas, o autor de “Por que estudar a mídia?” Roger Silverstone,
esboça ideias um tanto comum, mas que fogem à nossa percepção cotidiana. Questões
reflexivas de interesse geral, questões fundamentais que movem o mundo e que
sem a força que possuem, a humanidade certamente seria distinta, em seus
principais aspectos, do que se conhece na contemporaneidade.
Questionar suas atribuições e tudo que
rodeia a mídia parece um tanto arriscado, pois ser simplório neste caso tende
ao erro. E o desenrolar de toda essa perspectiva parece compor-se de distintos
aspectos vivos, pois ao se começar a análise, defronta-se com o movimento
social inteiramente midiático, estabelecendo-se aí o mergulho da sociedade no
mundo das mediações.
Para se compreender determinados
componentes midiáticos, Silverstone inicia pelo senso comum, indica o
inconsciente como ponte para se chegar a ideias obscurecidas da mente. A mídia
forma a experiência, individual e coletiva, a experiência cotidiana, a mídia se
configura como um processo abrangente que se chama mediação, que é feita por
nós, e para nós.
Precisamos compreender como funciona esse
processo, suas particularidades, precisamos entender que nós somos a mídia, que
nossa participação é protagonista, que ela estabelece nossa rotina, nossos
horários, e evidentemente, nosso comportamento.
Saber como a mídia participa e forma a globalização, como ela forma a
cultura, como denomina nosso espaço.
E dentro das perspectivas de avaliação
midiática, encontramos elementos relevantes discutidos por Silverstone, tais
como: Consumo, Tecnologia, Mediação, Globo, Erotismo e tantos outros. E como
agente diversificador, O Outro, pois no reconhecimento deste, há o
reconhecimento da diferença, e dessa forma formamos nossa própria identidade, o
nosso senso individual. Essas e muitas outras, são questões primordiais que sem
dúvida, estabelecem pontos esclarecedores para o questionamento a respeito das
atribuições da mídia.
Evidentemente,
há questões ainda mais gerais, como a política da mídia, um tanto polêmica,
pois se trata fundamentalmente do poder atribuído à mesma. Poder esse que modifica
costumes, introduz outros, o poder de formar opinião e até mesmo de alterar
processos políticos. O poder de mover
toda a sociedade, então é tão importante compreender o processo de mediação
porque ele simplesmente é a base da nossa vida cotidiana.
Entender os componentes da mídia é
entender nós mesmos. Toda a vida em sociedade, é entender porque a história
tomou os rumos que hoje conhecemos, e mais do que isso, é saber lidar com ideias
que comandam nosso espaço e dessa forma se libertar do efeito da alienação
total.
Saber quais as implicações da mídia para
com a política e nesse sentido, seu poder se faz fundamentalmente nos rumos que
tomam os governos na esfera pública. De forma que abrange a todos, seja através
dos veículos de comunicação, seja por contato direto e pessoal. O fato é que
saber como se dá um processo em que nós estamos envolvidos intimamente, nos
ajuda a compreender como funciona nossa sociedade.
Fica claro dessa forma, que em “Por que
estudar a mídia?”, Silverstone, faz uma análise de questões políticas, sociais
e econômicas, de como a comunicação concretiza-se na Sociedade do Espetáculo de Guy Debord, de como a mídia é a
sociedade e a sociedade é a mídia. Estabelecendo nosso espaço, nossas
concepções.
“E nós que estudamos a mídia precisamos
tornar a mídia inteligível. Não se trata de um projeto fácil, nem confortável.
Mas o perseguimos na esperança de que depositando um grão de areia numa ostra a
irritação causada por nossa presunção irá, de tempos em tempos se converter em
pérola.”
(pág. 283, Por que estudar a mídia?
Roger Silvestone)
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